Persuasão - Jane Austen

O primeiro livro da Jane Austen que eu li foi Persuasão(1818), o curioso é que ele foi o último romance completo a ser publicado, escrito no período em que a autora já estava doente, lançado apenas um ano após a sua morte , é uma obra póstuma. Jane Austen morreu aos 41 anos e nunca se casou, apesar de que sua biografia contar que ela teve duas oportunidades, tendo inclusive aceitado uma delas e voltado atrás na sua decisão pouco tempo depois.

Essa edição de capa simples não possui ilustrações, a tradução feita por Marcelo Barbão

Apesar de infelizmente essa edição de Persuasão que possuo não ter ilustrações (10 reais né minha filha?) Orgulho e Preconceito tem, através delas eu descobri o trabalho fantástico do ilustrador Charles Edmund Brock, assinatura C.E. Brock, que criou ilustrações incríveis para as obras da Srta Austen e entre outros Charles Dickens. No Pintereste você encontra boa parte, senão todas, as ilustrações que ele fez para Austen.



A personagem principal de Persuasão é Anne Elliot, algo que logo de início me chamou atenção foi a idade da personagem principal e o fato de ela ser solteira, em uma época em que mulheres não tinha direitos a heranças de família e onde o um casamento bem sucedido era uma forma de garantir segurança e estabilidade, ser apresentada a uma personagem de 27 anos que tem uma irmã mais velha também solteira e outra irmã mais nova já casada, foi algo incomum.

Anne é órfã de mãe, é a filha menos querida pelo pai, chega a ser irritante a forma como ela é tratada pela família. Um consolo porém, é o fato de todos os outros personagens tratarem ela com carinho. Na sinopse do livro já ficamos sabendo que aos 17 anos ela é aconselhada por sua amiga, Lady Russell, uma senhora que tem um por ela um carinho de mãe,  a não aceitar uma proposta de casamento que parecia arriscada e pouco promissora. Mesmo  Anne tendo sentimentos fortes e verdadeiros por Wentworth, ela decidi romper o relacionamento com ele e ambos seguem seus caminhos. Ele segue sua carreira na marinha e ela continua sua vida. Anos depois Wentworth retorna, agora como um distinto, solteiro, bem sucedido e RYCOOOOO capitão da marinha. Srta Austen me perdoe mais eu só consegui me lembrar de uma coisa.


 Ora Ora parece que o jogo virou não é mesmo queridinha.
Sim, eu assisto novela também e essa cena foi épica.

Continuando, gente eu sou canceriana, esquecer não é um verbo que eu consigo conjugar, então essa trama bateu forte e certeira na pessoa emocionada que eu sou. Só de imaginar o rebuliço de sentimentos com o retorno dele, eu já estaria tendo uma crise de asma. Se pensarmos nas exigências do decoro social e as formalidades necessárias ao comportamento de uma dama, comparadas com a liberdade de existir que temos hoje, determinadas situações chegam a ser brutais, eu que simplesmente não consigo esconder o que eu estou sentindo nem que a minha vida dependa disso, enquanto eu lia eu só conseguia pensar "Eu não conseguiria passar por essa situação."

A sutileza da ironia com que Jane Austen escreveu é uma marca registrada dela e uma das principais características da sua obra. Além do cenário e o enredo de suas histórias serem um contraponto com as publicações da época, justamente por abordarem temas da vida comum enquanto as outras publicações da época falavam sobre aventuras. Pelo pouco que eu pude ler até agora existe um debate se "Jane Austen era feminista ou não", tenho as minhas concepções e isso rende um post exclusivo, quero terminar de ler todos os livros dela e preciso analisar com calma essa discussão, que eu tenho certeza vai acrescentar bastante, aos meus estudos sobre feminismo. Porém é evidente que ela fazia uma critica social muito bem feita e que ela questionava a posição social da mulher. Isso fica claro em vários trechos e diálogos de maneira nada sutil.

Além dos personagens principais, todos os outros personagens são muito bem construídos e profundos, uma boa mensagem que podemos tirar desse livro é não deixar nos deixar levar pelas aparências, são tantas reviravoltas. 
Em muitos lugares eu li que Persuasão, que essa história é um presente de Jane para ela mesma por nos mostrar uma personagem principal não tão jovem assim e que tem uma segunda chance de encontrar a felicidade no amor. Mas tudo que eu consigo pensar é no título daquele livro "Jane Austen roubou meu namorado" da autora Cora Harrison, eu ainda nem tinha conhecido o Mr. Darcy e já estava apaixonadíssima pelo Capitão Wentworth, o ápice da história é de derreter até o coração mais gelado, ele é fantástico e surpreendente. Já fazia algum tempo que eu não chorava durante uma leitura, porém eu simplesmente não conseguia parar de chorar de felicidade e emoção, logicamente me colocando no lugar da Anne. Agora eu penso que se alguém não for capaz de me escrever uma carta como a que Anne recebe, por favor não faça eu perder meu tempo. (Sim eu provavelmente vou morrer solteira e tá tudo bem com isso, mas é aquele papo... não aceite menos do que você merece)

FILMES

Bom eu criei o hábito de ler os livros e depois assistir as mídias disponíveis, algumas são tão boas que da vontade de ficar assistindo em looping. G-zuis tira de mim essa vontade de assistir de novo e de novo e de novo e de novo por que eu tenho muita coisa nova pra assistir.

Persuasão - 1995 

Persuasão - 2007 


Na minha humilde opinião a versão de 2007 é melhor (por que o Wentworth é bonito cof cof), brincadeiras a parte, são dois bons filmes, porém a versão de 2007 conseguiu sintetizar melhor o drama da história e fizeram um bom uso do recurso das cartas, colocaram Anne para escrever um diário, dessa forma conseguimos perceber melhor como ela reagia e sentia os acontecimentos a sua volta. Os dois filmes atropelaram o final, justamente a minha parte favorita do livro, o desfecho da história, mas tudo bem. Mentira fiquei bem magoada, chega a ser frustrante. Porém o filme de 2007 consegue consertar um pouco as coisas. 


Gente é sério,  eu  não consegui engolir o Ciarán Hinds como Cap. Wentworth, a imagem dele Mance Rayder em Game Of Thrones ficou muito forte na minha cabeça, mas ele é um excelente ator depois da metade do filme eu já estava conformada. Ai na versão de 2007 o Rupert Penry-Jones é tal qual eu imaginei.


Primeira foto o elenco de 1995 Anne, Wentworth e o macho escroto.
Segunda foto  Família Elliot, Anne suas irmãs insuportáveis e seu pai tóxico.

Gente esse caso sério de amor com Jane Austen vai durar um bom tempo ainda, por que eu estou simplesmente encantada, eu sou uma leitora de fases, agora que eu voltei a ler o gênero romance, abriu a porteira, estou lendo outros livros de 1800 enquanto espero chegar os 3 últimos volumes que faltam Emma, Mansfield Park e A abadia de Nothanger. Só espero consegui atualizar as resenhas a tempo.

AZERÊDO, Genilda. Jane Austen, adaptação e ironia: uma introdução. João Pessoa: manufatura, 2003
AUSTEN, Jane. Persuasão. Jandira-SP. Ciranda Cultural, 2019

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