Livro: O Capitão Hatéras Júlio Verne #Resenha



"Não há obstáculos insuperáveis. Há, apenas, vontades com maior ou menor energia." O Capitão Háteras pag. 321.




Eu não consigo decidir se ultimamente eu estou mais emocionada que o normal, ou se estou apenas lendo coisas fantásticas, por que novamente um livro me levou as lágrimas.

Júlio Verne é um dos autores que tem selo de qualidade pra mim e pra grande parte da humanidade, não pra menos que ele é  um dos autores mais traduzidos do mundo. Quando eu tinha uns 12 anos, um vizinho me deu uma CAIXA CHEIA DE LIVROS! Não eram livros novos e alguns estavam bem destruídos, mas deveriam ter uns 50 volumes dos mais variados títulos. Ele disse que na casa dele ninguém tinha o hábito de ler e que os livros estavam apenas juntando poeira ali. Dentro dessa caixa veio o livro "Um farol no fim do mundo", esse foi o meu primeiro contato com a literatura de ficção científica, Verne é considerado O pioneiro desse gênero, o grande gênio Frances a frente do seu tempo Julio Verne. (Cá entre nós eu acho que ele era um viajante do tempo).

Uma curiosidade sobre os livros do Sr. Verne, ele te faz duvidar sobre o que é ficção e o que é realidade, ele sempre gostou de viajar, tinha conhecimento em várias áreas e fazia muitas pesquisas para escrever seus livros, chega a ser assombrosa a criatividade e a forma totalmente cativante como ele constrói a narrativa das aventuras, levam a nossa imaginação aos extremos da sinestesia.

O triste, é que apesar de ele ter quase 100 obras públicas, no Brasil é muito difícil encontrar títulos que não sejam os mais conhecidos, aqueles que fazem parte do conjunto de "Viagens  Fantásticas", eu nem ouso desejar edições bonitas, eu só queria  poder comprar os livros físicos em português, não gosto de ler em PDF.


A minha edição foi comprada em um sebo, é da Editora Hemus-1978, são 42 anos, a cola estava completamente seca e o livro se esfarelou, eu sou extremamente cuidadosa com meus livros, mas esse um não aguentava nem que eu abrisse as páginas.

O Capitão Háteras, na realidade são dois livros em um volume, que conta sobre a tentativa do já citado capitão e sua tripulação de chegar até o Pólo Norte, curiosidade o livro se passa nos anos de 1860 e 1861 o "descobrimento" do Pólo Norte de acordo com as minhas pesquisas Wikipédia só aconteceu em 1909 e ainda assim sob polêmica a respeito da veracidade de tal expedição. O Cap. Hátteras já estava na terceira tentativa de chegar as Pólo Norte, as duas primeiras foram fracassadas, sendo que na segunda apenas ele retornou com vida, o que tornou um pouco difícil para reunir uma tripulação disposta a embarcar em uma terceira aventura, por esse motivo o livro já começa num mistério sobre a identidade do Capitão.

 

Capitão Háteras e Duck o seu fiel companheiro, só pra constar é o Cachorro gente.

Existem três personagem que se destacam na narrativa, um é o Duck, o cachorro, só quem tem um amiguinho de quatro patas sabe como um cachorro pode ser fiel e leal.

Bom, o próprio Capitão Háteras é claro, que não é um mocinho, muito menos um herói, ele é um personagem complexo e obstinado com seus objetivos o que ,do  meu ponto de vista, torna ele um personagem muito interessante, a motivação dele para a expedição é conquistar para a Inglaterra a honra da chegada ao Pólo Norte, bem patriota o homem, por que ele emprega inclusive o próprio dinheiro nessa causa.

O outro personagem é o Dr. Clawbonny esse personagem é tipo a Hermione do Harry ou o Sam do Frodo, é tipo, sem ele o personagem principal teria morrido no primeiro capítulo e diversas vezes no decorrer da história. Ele é o faz tudo da tripulação, desempenha a função de médico, cientista, navegador, caçador, terapeuta e tudo mais, ele tem memória fotográfica então graças a ele ao longo do livro são feitas descrições de campanhas navais anteriores e elas são reais, assim como informações sobre o clima, geografia e outros assuntos, ele é o amigo mais próximo do Cap. Háteras e única pessoa que consegue manter um diálogo franco com ele.

Apesar de eu morrer de medo do mar aberto e das profundezas do oceano, eu amo livros com temáticas marinhas, Júlio Verne te traz uma infinidade de informações técnicas que para alguns pode ser chato, mas que para mim é incrível, por exemplo, o navio em que eles fazem a excursão é um Brigue, que no caso é um tipo de embarcação com dois mastros com velas quadradas e transversais, O Brigue Avante também possui um motor a vapor, no decorrer da história existem várias manobras e elas são apresentadas em termos técnicos. Que a todo momento faziam eu largar o livro e correr pro celular pra pesquisar.

A primeira imagem é do Avante ainda no porto em Liverpool e a segunda é uma Chulapa feita com os destroços do Toninha em algum lugar dos mares árticos. 

O Sr. Verne é conhecido por sempre mostrar em coordenadas a localização dos seus personagem, acredito que ele fez isso para que as pessoas pudessem acompanhar no mapa os deslocamentos, mas acho que mesmo com toda a inventividade da mente que ele possuía, não poderia prever  como a tecnologia poderia tornar ainda mais incrível a experiência de apreciar as obras dele. Eu utilizei o Google Earth e pude ver os locais reais por onde nossos personagens navegaram, isso foi algo incrível e surreal. Pra quem está a quase 4 meses dentro de casa em quarentena, o lugar mais longe que eu fui foi o supermercado e ele fica a 2km da minha casa, eu tive o prazer de apreciar uma expedição ao Pólo Norte.

Quando eu li "Um Farol no Fim do Mundo" eu fiquei com muita vontade de conhecer a Patagônia, mas esse livro de me deixou com vontade de passar muito muito muito longe do Pólo Norte, nem que fosse pra ver o Papai Noel ou encontrar a Tribo da água do Norte.

 

A minha edição não é ilustrada, mas eu seria capaz de dar o dente da frente pra conseguir ter uma edição com essas ilustrações, o artista é Henri de Montaut

Essa história tem mais de 200 anos e essa edição tem 42 anos, acredito que por eu estar habituada a ler autores do século XVIII e XIX a linguagem já me é familiar, mesmo que a norma linguística esteja desatualizada. Uma coisa triste é que alguns animais descritos estão instintos como por exemplo a "Vaca Marinha", eu pensei que fosse algum desses contratempos de tradução ou nomenclatura da época, mas não esse realmente foi um animal extinto no final do século XVIII. Outra coisa curiosa é que as focas são descritas como anfíbios e eu fiquei tipo... ué a foca nera mamífero nera? eu fui pesquisar e descobri que existe uma classificação de mamíferos anfíbios, que são encontrados inclusive, nos oceanos árticos. 

Esse livro é uma aventura do começo ao fim, desperta a curiosidade e faz você querer ler e conhecer mais sobre as expedições ao ártico. É incrível a quantidade de informações técnicas e cientificas que mesmo hoje você consegue comprovar como verdadeiras, eu não vou falar mais aqui pra não dar spoiler eu apenas posso super recomendar essa leitura. 


Hoje se eu quero uma informação eu digo "ok google" faço uma pergunta e tenho a resposta, agora imaginem o Sr. Verne em 1864 a luz de velas, lendo um infinidade de livros e fazendo um milhão de anotações, pesquisas e comparações para criar suas obras. Esse homem não recebeu todos os prêmios e reconhecimento que ele merecia. 

"No dia 11 de julho de 1861, a 89º e 59' e 15'' de latitude setentrional, foi descoberta a Ilha da Rainha." é o dia do meu aniversário, uma daquelas coisas pequenas que te deixam tão feliz. Vivendo o que estamos vivendo, acredito que é muito bom poder ficar feliz com uma coisinha boba dessas.

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