Livro: Violino (Anne Rice) #Resenha


Rice, Anne. Violino. Editora Rocco. Rio de Janeiro. 1999.

    Anne Ricce tem um selo mundial de qualidade, um dos meus objetivos de vida é ler a obra completa dessa mulher, a forma como ela entrou na minha vida e a influência sobre mim e sobre meu grande amigo Breno Torres (que diga-se de passagem é também um escritor fantástico) merecem um post único, mas eu vou ficar devendo esse post. Hoje vamos falar sobre Violino.

Obrigada Rocco por fazer livros com fonte em tamanho decente e páginas amareladas que são confortáveis pra leitura.

    Esse livro já estava na minha estante a alguns anos, em 2015 eu comecei a ler, porém confesso que não consegui passar do segundo capítulo, a narrativa inicia de uma forma arrastada e bem dramática e isso da o tom para o resto da obra. Uma mulher de meia idade, trancada a 2 dias velando sozinha o cadáver de seu marido, falecido em decorrência da AIDS, isso não despertou em nada o meu interesse. Hoje em 2020 eu resolvi confiar na sinopse do livro que fala sobre um violino mágico, o fantasma de um violinista russo, luta pela sanidade em um cenário sobrenatural, me joguei na leitura e não me arrependi.

    Ainda que as primeiras linhas do texto sejam para descrever a primeira aparição de Stefan, nosso violinista fantasma, os dois primeiros capítulos são muito arrastados e maçantes. Apresentam uma delirante Triana trancada em sua casa com um cadáver, remoendo suas culpas por todos os falecidos que ele se considera responsável, sua mãe, seu pai, sua filha, e ainda suas perdas como o ex marido do qual ela se divorciou após a morte da filha, ( prefiro dizer que ela se livrou, o cara traiu ela com a irmã e depois com a melhor amiga dela, que embuste) ela ainda se culpa pelo do desaparecimento da sua irmã caçula que não sabe se está viva ou morta.
Tudo isso é bastante cansativo e chato e logo de cara criou em mim um ranço com a personagem Triana, autodepreciativa em níveis que extrapolam a minha paciência. A sinopse do livro a anuncia uma batalha entre Triana e Stefan então, fica claro desde agora que eu sou #teamstefan, durante toda a obra, lendo e torcendo para que ele conseguisse deixar ela ainda mais louca do que la já se apresenta desde o início.

    Anne Rice tem uma maneira muito mágica de escrever sobre a música, ela te faz ouvir e sentir as passagens musicais de uma maneira única, ainda no primeiro capítulo Triana fala sobre o Segundo Movimento da Nona Sinfonia de Beethoven, apesar de já conhecer a Nona, enquanto eu lia esses trechos coloquei para tocar e foi uma experiência muito boa, tentar compreender a interpretação da própria autora sobre a importância dessa passagem musical para a personagem.

    A narrativa segue e Stefan ganha mais espaço na trama, primeiro se apresentando como o violinista que toca do lado de fora da casa, algo curioso, as outras pessoas também podem ouvi-lo e vê-lo, ele é um fantasma capaz de se materializar, interagir e interferir na vida das pessoas, o livro só se tornou interessante para mim a partir do primeiro diálogo entre os dois. Ele se sim é um personagem interessante e misterioso que me chamou atenção, tem personalidade forte, decidido, seguro, seu objetivo inicial era enlouquecer Triana. Ele que se alimenta do sofrimento e da dor das pessoas assim como da paixão pela música, encontrou nela um baú dos tesouros, como todo o seu sofrimento proveniente do luto, da culpa e da paixão pelo violino, ainda que ela mesma seja uma musicista fracassada.

"Talvez a música atraia os mais ferrenhos sonhadores, como era o meu caso, com projetos grandiosos e nenhum talento."
    O enredo evolui para uma batalha pela posse do violino, ele que queria apenas faze-la perder a razão agora, sem o seu violino, se vê um refém, ambos são transportados pelo tempo e espaço para as lembranças da vida de Stefan,  e mais uma vez ele se mostra um personagem cativante, descobrimos a razão da sua morte, os primeiros anos dele como fantasma. Ao longo dessa jornada eles trocam carinhos que me fazem pensar que a Triana é muito dodói da cabeça, já que primeiro ela ficou abraçada com o cadáver do marido e depois estava beijando um fantasma, ainda que fosse um fantasma descrito como bem sólido, bonito, charmoso e sedutor, eu só conseguia pensar, "Oi? amor ele é um fantasma!?".

    Dai pra frente o livro se resume ao sofrimento e desespero do Stefan e triunfo de Triana, o que pra mim não foi nada agradável, continuei a leitura por que eu não conseguia acreditar que aquela criaturinha tinha feito mal pra um fantasma que só queria deixar ela doida, como ela tinha ousadia?! (é brincadeira mais é verdade) . Algo na forma como a autora descreve o Brasil me deixou um pouco... incomodada, não é a palavra adequada, mas eu ainda não sei bem como descrever de outra maneira, porém ainda estou tentando compreender como me sinto em relação a isso, talvez em uma segunda leitura eu consiga entender. A conclusão dessa batalha acontece no Brasil, no Rio de Janeiro com direito a requintes de crueldade por parte do Stefan e nesse ponto a narrativa se torna angustiante e eletrizante.

O livro é surpreendente, se eu pudesse descrever ele como uma só palavra seria Dramático, e olha que eu sou uma canceriana pós-graduada e drama pela Escola de Belas artes de Maria do Bairro, um livro que te prende, que tem uma carga emocional muito forte, com sentimentos e emoções muito densos e profundos, é aquele livro que vai te deixar pensativo e reflexivo.

Como eu já disse, pra mim Anne Rice é um selo de mundial de qualidade, essa mulher é incrível e é um gênio da literatura, o sucesso dela pode falar melhor do que eu como indicação de leitura de qualquer coisa que ela escreva. 

Extra: O violino é o objeto de desejo a fonte da magia do desenrolar da história, um Stradivarius longo, que até eu ler esse livro não fazia ideia do que representava, AQUI tem uma reportagem muito boa falando sobre os violinos de Stradivari.

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